sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ESTADOS UNIDOS
Estados Unidos, Nova Iorque, East Village era um dos destinos previsíveis da grande maioria dos artistas jovens da década de 80. Ali se desenvolvia uma nova e pujante cultura nascida de criadores de todas as nacionalidades, não alinhados com os cânones estéticos do mercado. A febre do grafite tinha explodido nos guetos de Nova York, nos primeiros anos da década de 70 e dali invadido muros, metrôs, ônibus e caminhões.
...os grafiteiros foram combatidos pela polícia, e alguns de seus autores acabaram na cadeia, enquanto outros eram conduzidos às mais importantes galerias, bienais e museus de arte, não só dos Estados Unidos como do mundo todo. [1]
Mas no decorrer de uma década, tudo tinha mudado. A devastação produzida pela Aids nas comunidades do East Village e as dificuldades de subsistência jogaram sonhos por terra.
Todo o mundo pensa que os anos 80 foram muito legais, mas havia uma grande nuvem escura pairando sobre aquela época. [2]
A fama também era fugaz em Nova Iorque, o próprio Andy Warhol, tão respeitado por Alex, o papa dos movimentos jovens das décadas de 60 e 70 era tratado com certa condescendência pela mídia. Passou de ícone venerado a uma figura obsoleta, apenas tolerada.
É esse o clima que Alex encontrará nos Estados Unidos em 1982.
[1] Célia M. Antonacci Ramos. Grafite, pichação e companhia, p. 14.
[2] Entrevista do fotógrafo David La Chapelle para Alix Sharkey, Folha de São Paulo, Caderno Mais, 19 de fevereiro de 2006, p. 10.