quarta-feira, 15 de junho de 2011

matéria Estadão de 14/6/2011

O rei dos muros da cidade
O grafiteiro Alex Vallauri é homenageado num livro que conta como ele alegrou São Paulo na ditadura
14 de junho de 2011 | 0h 00
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Antonio Gonçalves Filho - O Estado de S.Paulo

Agora é fácil, mas, nos anos 1970, em plena vigência da ditadura militar, quando ficar na rua à noite significava problema certo, um artista etíope - ou subversivo, dava na mesma na época - saía pelas avenidas da metrópole munido de latas de spray e muita coragem. Alex Vallauri era o seu nome, um alegre e miúdo pintor que ficou conhecido por duas logomarcas nas paredes de São Paulo, uma bota preta e uma mulher com um frango assado na bandeja que, de tão famosa, foi parar numa sala especial da 18.º Bienal Internacional de São Paulo, em 1985.


DivulgaçãoA famosa mulher com um frango assado na bandeja
A comissão da mostra entendeu que a arte de Vallauri era, então, a ilustração perfeita do binômio arte e vida, a tradução da experiência existencial de um artista fora do mercado que entrava no templo de arte erudita para contaminá-lo com o popular, grafitando no espaço interno do pavilhão o espírito de uma época marcada pela repressão e a censura. É esse artista que o crítico e professor João J. Spinelli mostra em Alex Vallauri - Graffitti, livro publicado pela Editora Bei (R$ 120).

Criado em plena ebulição do movimento pop, Vallauri chegou ao Brasil em 1964, justamente no ano do golpe militar. Tinha 15 anos e desembarcou em Santos, então uma cidade com certo movimento cultural e político, onde fixou imagens de estivadores, marinheiros e prostitutas do cais. Aos 21 anos, fez sua primeira individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em que já era possível identificar sua inclinação para a iconografia popular. Não tinha os mesmos objetivos de artistas pop americanos como Warhol, mas o certo é que suas obras deixaram o suporte das ruas (muros e paredes) e foram reproduzidas por indústrias de confecção como a Levi"s e Fiorucci, como lembra Spinelli no prólogo. E Vallauri, afinal, não passou incógnito pelo movimento. Ele é citado no livro Art Today, do crítico e curador inglês Edward Lucie-Smith, menção que que despertou o interessse dos museus americanos.


A partir de um molde recortado em papelão, as figuras em spray de Vallauri (a sensual e algo vulgar bota negra feminina, piões e acrobatas inspirados em Seurat) viajaram das paredes de São Paulo para o metrô nova-iorquino. Comunicativo e doce, ele fez amizade com outros grafiteiros que ficariam famosos, como Jean-Michel Basquiat. Vallauri ficou surpreso com a aceitação do grafite em Nova York pelos galeristas, que incentivavam a produção dos artistas de rua. Ao voltar, encontrou no galerista Marcantonio Vilaça seu mecenas. Após a morte de Vallauri, ele adquiriu o espólio do artista, segundo Spinelli, que destaca ainda o papel do Estado, "que sempre noticiou com destaque a sua forma espontânea, livre de formulações a amarras estéticas academizadas pela arte moderna".

Vallauri justificava essa vontade de se livrar das escolas formais como uma maneira de assumir a filiação romântica e ilusionista do kitsch - e seu frango assado sobre uma coluna grega sintetiza esse propósito. Sua influência sobre seus contemporâneos pode ser resumida na relação com o parceiro artístico Mauricio Villaça, também falecido, que, pintor abstrato expressionista, desenvolveu com ele projetos de grafites e livros cheios de graça. Vallauri morreu no dia 27 de março de 1987, aos 37 anos.



Tópicos: Grafite, Alex Vallauri , Cultura, Versão impressa

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mara Borba e a Rainha

Clique no endereço do youtube do título da postagem e veja a Mara Borba interpretando a Rainha do Frango Assado.
Pessoalmente gosto mais da interpretação da Claudia Raia. No entanto a direção desta é bem melhor.

http//www.youtube.com/watch?v=1MhEmfiD9is